Estou finalmente de volta, longe das praias paradisíacas, calor abrasador, águas quentes, pirâmides e cenotes do México. Fiz tantas fotografias que para mostrar aqui um pequeno apanhado, tive de fazer colagens ou este post mais pareceria um album digital.
À esquerda, no centro, podem ver Chaac, o deus maia da chuva, o bem mais precioso para este povo. Em baixo o observatório e do lado esquerdo a famosa pirâmide de Kukulcan, em Chichen Itza
Fizemos desde o mais convencional: manhãs na praia e tardes na piscina, visita aos famosos complexos como Coba, Tulum e Chichen Itza e mergulhámos em dois cenotes (que são como rios subterrâneos que acedemos por crateras mais ou menos abertas no chão); até actividades um pouco mais diferentes, como nadar com tartarugas e raias e snorkeling em alto mar, nos bancos de corais.
Tivemos contacto com uma variedade muito grande de bicharada! Nem consegui fotografar todos! Desde répteis (iguanas, geckos e cobras - até vimos uma cobra coral!), mamíferos que roubavam comida no Hotel, aves de vários tamanhos e cores, e peixes, muitos peixes, que na praia vinham comer à nossa mão!
Cogumelos por todo o lado!
Fora do complexo turístico, o México é pobre e pouco evoluído. Os terrenos são férteis, mas pouco cultivados (excepto talvez na produção de algumas drogas, e por isso vemos muita polícia armada até aos dentes a tentar combater o tráfico). Vive-se, basicamente, do turismo. Vende-se tudo e um par de botas água, cerveja, ímans, máscaras, mantas, caça-sonhos, chapéus, redes, milho doce, côco fresco, gelados, fotografias com animais, lenços, chilli (sim, na rua), esculturas, e o que quiserem comprar imaginar.
O senhor à esquerda estava a vender uma maçaroca de milho envolta numa mistela branca (doce?), o da direita estava a preparar o meu côco fresco!
Em Valladolid provei o melhor gelado de côco que já comi na vida, e provavelmente que alguma vez vou comer, na banca ambulante de um senhor "Juanito". Na montagem abaixo o senhor aparece na fotografia do centro, à direita, ao lado do nosso guia, José Espinosa. Se forem ao México TÊM de conhecer estes dois senhores. Um vai-vos levar a locais inesquecíveis, o outro vai-vos dar a provar talvez o melhor gelado do mundo.
Em cima, à direita, um ninho de térmitas!!! Mesmo abaixo os senhores Espinosa e Juanito
A gastronomia é óptima e não é picante! Provei de tudo, e tentei comer sempre, ou quase sempre, comida mexicana: tacos, nachos, quesadillas, chilli... Provei frango enrolado em folhas de bananeira e cozinhado em brasas, enterradas na terra. Havia também muito peixe e muita fruta.
Chegada a casa decidi testar os conhecimentos adquiridos e tentar reproduzir tudo (excepto o gelado do sr. Juanito, que é impossível de reproduzir...) e tenho passado os dias alimentada com tacos, nachos, quesadillas, chilli... A provar e aperfeiçoar as receitas que foram comidas sem tempo para fotografias [querem uma tirita de milho? Estou a comer enquanto escrevo!]. E porque ontem estávamos fartos de comida mexicana e decidi voltar (gastronomicamente) à Europa, com uma deliciosa massa fresca para o jantar, é essa massa que vos trago hoje.
... Mas essa também tem a sua história. Vou tentar resumir que o post vai longo.
Sabem os gnoccis, aquelas bolinhas de batata usadas na gastronomia italiana? Pois é, eu e os gnoccis não temos uma história de amor, mas eu esforço-me.
A minha história com as tais bolinhas começa há quase um ano, a ler um livro de cozinha. A primeira receita era de gnoccis de batata assada no forno com tomilho, e tinha uma descrição maravilhosa. Já imaginava os aromas a invadirem a casa enquanto eu cozinhava as batatas já reduzidas a puré, moldadas e marcadas com um garfo - que lindo prato! Puz mãos à obra numa receita que se revelou desastrosa...
Pensei que tivesse havido algum erro de confecção. Aliás, como poderia eu fazer uns bons gnoccis quando nunca tinha provado nenhuns e não fazia ideia do sabor que deveriam ter.
Numa das noites temáticas no restaurante do hotel, no México, encontrei gnoccis. Decidi finalmente provar. Sinceramente não eram grande coisa. Embora me parecesse natural que os mexicanos não fossem assim grande espingarda a cozinhar comida italiana (também lá provei horrível sushi...).
Ora ontem, farta de comida mexicana, lembrei-me daquele pacote de gnoccis que estavam na dispensa e que ainda não tinha usado: é hoje, pensei! Pesquisei uma receita, fui às compras buscar os ingredientes que faltavam e estava pronta para cozer os gnoccis quando me apercebi que os malditos tinham saído do prazo há duas semanas!!! Aiiiiiii isto só pode ser o destino!!!! Decididamente eu não fui feita para cheirar, olhar, comer e PRINCIPALMENTE cozinhar gnoccis.
E, remetida à minha insignificância perante a massa feita de batata, resolvi tirar a ferrugem à máquina de estender massa e cozinhar uma das melhores massas frescas que já cozinhei... Com sabor a ovo... Com um molho cremoso e bem temperado... Com cogumelos carnudos. E queijo. Muito queijo.
Tive de me conter para não vir aqui imediatamente partilhar esta receita convosco. É mesmo boa. E fazer massa, garanto, não dá tanto trabalho quanto parece e vale mesmo a pena.
Abençoados gnoccis fora de prazo.
Fiz para 2, mas serve à vontade 3 pessoas
Ingredientes
Para o tagliatelle:
2 ovos
200g de farinha sem fermento
1 pitada de sal (o tempero a sério será feito na água da cozedura da massa)
E ainda:
1 dente de alho
125g de tiras de bacon
100g de espinafres
4 cogumelos marron
175g de requeijão magro
200ml de natas de soja
100g de queijo mozarella, ralado
Azeite, sal, pimenta, orégãos secos e noz moscada, q.b.
Preparação
Primeiro prepare a massa: coloque a farinha num recipiente largo, os ovos e o sal no centro e amasse até que se descole bem das mãos e da tigela. Tape com película e deixe repousar, pelo menos 15 minutos.
Entretanto preparamos o recheio: ligue o forno a 200ºC. Lave e arranje os espinafres e os cogumelos marron, estes últimos em fatias.
Frite o alho laminado no azeite, juntamente com os cogumelos e o bacon. Adicione os orégãos. Quando os cogumelos começarem a largar água, adicione os espinafres e deixe cozinhar. Tempere com sal e pimenta.
Desligue o lume, adicione o requeijão, natas e a noz moscada, mexa e rectifique o sal e pimenta. Reserve.
Polvilhe a bancada com farinha e estenda a massa. Utilize a máquina para estende-la até ao nº 8. Corte tiras de massa com cerca de 0,8 cm e polvilhe-as com farinha para não colarem.
Leve água a ferver e tempere-a com sal. Cozinhe a massa fresca cerca de 1-2 minutos.
Junte a massa e o preparado dos cogumelos num tabuleiro refractário e polvilhe com mozarella. Leve ao forno a gratinar, cerca de 15 minutos.
Bom apetite! Espero que tenham gostado :)
Beijinhos,
Raquel
Bem-vinda de volta Raquel! Essas fotos do México trazem-me muitas recordações, uma vez que a minha lua de mel também foi lá :)
ResponderEliminarA única vez que provei gnoccis foram de compra e o pessoal aqui em casa não gostaram muito, por isso ainda não me aventurei nuns caseiros, quando provares avisa-me ;)
Esta massa só pode ser maravilhosa. Nunca fiz massa caseira porque não tenho máquina, nas ando com vontade de fazer apenas com o rolo, para ver o que dá.
Beijinhos
Experimenta, a sério, vais gostar! O sabor é muito diferente, muito mais rico, e não se demora assim tanto tempo... Além disso depois a cozedura é rápida! Vale mesmo a pena :) Beijinhos
EliminarLindas as fotos da tua viagem ao México.
ResponderEliminarQuanto ao tagliatelli está com um aspeto divinal!!!!
Obrigada!! E o aspecto não mostra nem metade do bom que é! :)
EliminarBeijinhos
As fotografias estão tão giras :) Quanto aos gnoccis, deve ser de família.... também já tive uma aventura com eles que não correu nada bem, mas ainda não desisti deles ;P
ResponderEliminarOk, o próximo jantar na tua casa são gnoccis e depois ensinas-me a fazer :P
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